Walter S. Barbosa
“Aquilo que é” denota permanência, duração sem limite, algo que poderíamos chamar "para sempre". Essa é a natureza da verdade.
Segundo o teósofo I. K. Taimni (2), o maior problema do mundo é a ignorância, significando esquecimento de nossa natureza divina – a fonte da verdade. Daí confundirmos essa natureza com o corpo de carne e sua condição mortal.
Segundo o teósofo I. K. Taimni (2), o maior problema do mundo é a ignorância, significando esquecimento de nossa natureza divina – a fonte da verdade. Daí confundirmos essa natureza com o corpo de carne e sua condição mortal.
Nessa confusão, baseada na vida
separada do ego, origina-se o maior medo – perecimento das coisas deste mundo –
e conseqüentemente o maior desejo, ainda que inconsciente: recuperar a noção da
imortalidade espiritual, o sentimento de comunhão com toda vida, conforme simbolizado
no “paraíso”. Nele, como relata a gênese bíblica, desfrutávamos de intimidade
com Deus. O paraíso era a vida em corpos etéricos (primeiras raças humanas),
sem percepção do mundo físico.
Na terceira raça-raiz – com acréscimo do atributo mental (episódio conhecido como “Queda dos Anjos”) –, entramos no conhecimento
do bem e do mal, esquecendo a plenitude da união com Deus. Em compensação, temos
a oportunidade de dominar a matéria ao vencer cada fraqueza ou defeito, reduzindo
a dualidade “bem e mal” (atração e repulsão) em nossa natureza. Assim, vamos
recuperando a unidade perdida, acrescentando algo que não tínhamos no “paraíso”:
a consciência do Poder de Deus em nós.
O princípio supremo da Unidade - ou
“intimidade” com Deus - é a origem da verdade, sendo Deus o ponto focal da
consciência presente em tudo.
Fora desse ponto, o que chamamos verdade é somente um “punhado
de idéias”, com capacidade para gerar tragédias imensas. A partir dos conflitos
familiares, todos – de origem religiosa ou não – são baseados nisso. A verdade
não julga, não condena, não mata. Não tem interesses pessoais. Não faz
escolhas. Não precisa de dogmas. Não tem preferência por nações. A verdade não
tem lados. É a própria “Vida Una”.
Sendo a ausência da verdade a base
dos conflitos, e querendo evitá-los, que indicação temos para isso? Além de ser
a “Vida Una” a fonte natural da verdade - levando-nos a eliminar comportamentos
egoístas, inclusive quanto às plantas e animais - uma expressão utilizada por
Eckhart Tolle(3) designa a verdade como “aquilo que é”.
Qual o significado da frase? Em
princípio, pode-se afirmar: a verdade nunca é o que pensamos ser, considerando
determinado fato. Qualquer pensamento é simples interpretação nossa, carregada
de memórias e preconceitos. Por isso, Rohit Mehta(4) diz que onde entra o
pensamento, entra a falsidade, a impureza. Assim, só seremos capazes de saber a
verdade – aquilo que “é” – quando isolarmos a mente do processo, deixando o
trabalho para a consciência. A mente funcionará então como ponte luminosa entre
o espírito e a matéria, trazendo justiça e paz a este mundo.
A melhor chance de nos aproximarmos
da verdade, em qualquer situação, é inibir a reação de julgar. Dar um tempo. Este
simples esforço, como sinal de consciência, faz com que o ego vá renunciando à
“sua” verdade – espada com que tem vitimado inimigos reais ou imaginários em
todas as épocas – dando ensejo a que a verdade possa brotar, como água
cristalina, do fundo do nosso coração.
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(1) “A Ciência do Yoga”, Editora Teosófica
(2) “O Poder do Agora”, Editora Sextante.
(3) “O Chamado dos Upanixades”, Editora Teosófica.
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