Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke(*)
O mal é um produto sintético da nossa consciência polarizada, assim
como o tempo e o espaço, e serve como um intermediário para a percepção
do bem, sendo de fato o próprio útero da Luz. É por isto que o mal nunca
é o posto do bem: a polaridade em si é que é má, ou um “pecado”, pois o
mundo da dualidade não tem um limite natural e, assim sendo, não tem
experiência própria. Ele apenas leva ao desespero, que por sua vez só
serve para um novo início e para a compreensão de que a salvação dos
homens só pode ser encontrada na Unidade.
A mesma Lei também serve para a nossa consciência. Usamos a palavra consciente para designar as características e os aspectos humanos que ficam na luz de sua consciência e que os homens podem ver. A área que não é iluminada pela luz da consciência, e que, portanto é escura, denomina-se “inconsciente”. Contudo os aspectos sombrios somente parecem maus e infundem temor enquanto estão na sombra. O simples fato de olhar para os conteúdos da sombra traz luz para as trevas e isso basta para tornar o inconsciente “consciente”.
Olhar para as coisas [sem julgá-las e com atenção plena] é a grande fórmula mágica do caminho para o autoconhecimento. A atenção plena [sem julgamento] modifica a qualidade daquilo que está sendo observado, pois esse ato traz Luz, ou seja, Consciência à escuridão.
Assim como a inspiração vive da expiração, também o bem vive do mal, a paz vive da guerra, a saúde vive da doença. No entanto, as pessoas não veem isto e querem unicamente um polo, lutando contra o outro. Quem combater qualquer um dos polos deste universo luta contra o Todo, pois cada parte contém o todo. Neste sentido, disse Jesus: “O que fizeres contra o menor de meus irmãos, tu o farás a Mim.”
Ao dizer “eu”, a pessoa se separa de tudo aquilo que percebe como não-eu, como tu, e, ao dar este passo, torna-se prisioneira da polaridade. O ego do ser humano [como um filtro] torna-lhe impossível perceber ou sequer imaginar uma unidade ou totalidade de qualquer tipo.
A sombra torna o homem desonesto. Ele sempre acredita ser aquilo com que se identifica, que é tal como ele se vê. Essa forma de autoavaliação corresponde ao que chamamos de desonestidade. Todas as ilusões deste mundo são relativamente inocentes se comparadas àquela que infligimos a nós mesmos durante toda a nossa vida. Sermos honestos acerca de nós mesmos é um dos maiores desafios que temos de enfrentar.
É por isso que o autoconhecimento tem sido considerado a missão mais difícil e importante por todos os que estão em busca da Verdade. Conhecer a Si Mesmo não significa descobrir o “eu” e, sim, descobrir o Ser, visto que Este é oniabrangente, enquanto o eu divide e defini constantemente a totalidade, impedindo-nos de conhecer o Todo que compõe o Ser.
Por outro lado, àqueles de nós que estiverem preparados para lutar, no sentido de serem honestos consigo mesmos, a doença [e todos os conflitos, problemas e dificuldades existenciais] pode tornar-se um maravilhoso auxílio ao longo do caminho, pois a doença nos torna pessoas honestas! Nos sintomas da doença vivemos de maneira clara e visível aquilo que sempre banimos da psique e que queremos ocultar.
O homem está doente porque lhe falta a Unidade. O homem sadio, ao qual não falta nada, só existe nos livros de medicina. [(“A vida [a existência neste plano inferior, eu diria] é uma doença sexualmente transmissível “- R.D.Laing)]
O homem vive do seu ego, que sempre está faminto de poder. O eu cada vez infla mais e sabe muito bem como nos pressionar a servi-lo, apresentando-se sempre com novos e mais nobres disfarces.O eu tem de respeitar seus limites e por isso teme a entrega, o Amor ou tudo o que leve à unificação. O eu toma as decisões e concretiza um polo em detrimento do outro, que é relegado à sombra, ao exterior, ao tu, ao meio ambiente. A doença compensa cada passo que damos no interesse da hubris do nosso ego com um passo equivalente rumo à submissão e ao desamparo. [Portanto, a doença é um “efeito” e não uma causa, de modo que nenhuma tentativa de “viver de forma saudável” poderá nos tornar invulneráveis às doenças].
A doença faz parte da saúde assim como a morte faz parte da vida. Essas palavras nos causam desagrado, mas têm a vantagem de poderem ser comprovadas por qualquer pessoa, bastando para isso uma observação imparcial dos fatos.
Não pretendemos impor nossos pontos de vista aos leitores, mas, simplesmente, ajudar àqueles que estão prontos a ser tornar mais conscientes, acrescentando à sua visão costumeira um novo modo de olhar. A destruição das ilusões nunca é fácil ou agradável; no entanto, ela sempre resulta em nova liberdade de movimentos.
De fato, a vida é um caminho repleto de constantes desilusões; uma ilusão depois da outra nos vão sendo tiradas até podermos suportar a Verdade.
Assim, aqueles de nós que estão preparados para suportar a compreensão de que a doença, a morbidez e a morte são companhias essenciais e fiéis da vida, acabam por descobrir que essa constatação não concretiza desesperança, mas sim a revelação de que aquelas são amigas que nos ajudarão a encontrar nosso caminho mais verdadeiro e saudável.
Muito poucos dos nossos amigos, se é que temos algum, são tão honestos conosco ou estão tão dispostos a expor todos os movimentos de nossas manobras egóicas, ou são tão sinceros a ponto de nos fazer olhar para os nossos defeitos, ou seja, enxergar a nossa sombra. Mas a verdade é que, se qualquer um dos nossos amigos ousasse fazer isso, imediatamente nós o [re] classificaríamos como inimigo. O mesmo acontece com a doença [e em geral, com a Vida]. Ela é honesta demais conosco para que lhe dediquemos o nosso amor.
Nossa vaidade nos torna tão cegos e vulneráveis quanto aquele imperador cujos novos trajes foram tecidos com suas próprias ilusões. No entanto, nossos sintomas são incorruptíveis. [podemos silenciá-los, amordaçá-los, mas isto jamais poderá ser chamado de verdadeira cura].
É a doença que torna os homens passíveis de cura. A doença é o ponto de mutação em que um mal se deixa transformar em bem. Para que isso possa ocorrer, temos de baixar a guarda e, em vez de resistir, ouvir e ver o que a doença tem a nos dizer. Estabelecer um contato com nossos sintomas para captar a sua mensagem.
Precisamos estar dispostos a questionar nossas próprias suposições e os nossos pontos de vista acerca da nossa personalidade, e a ver cada um dos sintomas como um professor. Precisamos tornar o sintoma supérfluo [desnecessário], na medida em que permitimos que ele faça entrar na nossa consciência aquilo que nos falta.
A cura sempre está associada com uma ampliação de Consciência e a um amadurecimento pessoal. Se o sintoma apareceu no corpo, porque parte da sombra aí se precipitou, a cura é a inversão desse processo, na medida em que torna consciente o princípio por trás do sintoma, e assim ele simplesmente desaparece do corpo físico.
A ferramenta essencial para unir os opostos chama-se Amor. O princípio do Amor implica receptividade e abertura para permitir e aceitar tudo aquilo que até então era exterior. O Amor Verdadeiro busca a unificação; o Amor quer fundir-se e não isolar-se. O Amor é a chave para a união dos opostos, visto que ele transforma o tu em eu, e o eu em tu. O Amor é uma aceitação que não tem limites nem imposições; é incondicional. O Amor quer tornar-se uno com o universo inteiro e, enquanto não conseguirmos isso, não teremos concretizado o Amor. Enquanto o amor for seletivo, não será verdadeiro, pois o Amor não separa. O que separa é a escolha. O Amor Verdadeiro não escolhe, não conhece ciúme, pois não quer possuir nada: Ele quer irradiar-Se.
Assim como o Sol irradia seu calor e luz para todos e não segundo o merecimento de cada um, o Amor não conhece fronteiras, nem obstáculos. O Amor transmuta. Amem o mau – e ele será redimido. [Amem o feio - e ele se tornará Belo].
____________________________A mesma Lei também serve para a nossa consciência. Usamos a palavra consciente para designar as características e os aspectos humanos que ficam na luz de sua consciência e que os homens podem ver. A área que não é iluminada pela luz da consciência, e que, portanto é escura, denomina-se “inconsciente”. Contudo os aspectos sombrios somente parecem maus e infundem temor enquanto estão na sombra. O simples fato de olhar para os conteúdos da sombra traz luz para as trevas e isso basta para tornar o inconsciente “consciente”.
Olhar para as coisas [sem julgá-las e com atenção plena] é a grande fórmula mágica do caminho para o autoconhecimento. A atenção plena [sem julgamento] modifica a qualidade daquilo que está sendo observado, pois esse ato traz Luz, ou seja, Consciência à escuridão.
Assim como a inspiração vive da expiração, também o bem vive do mal, a paz vive da guerra, a saúde vive da doença. No entanto, as pessoas não veem isto e querem unicamente um polo, lutando contra o outro. Quem combater qualquer um dos polos deste universo luta contra o Todo, pois cada parte contém o todo. Neste sentido, disse Jesus: “O que fizeres contra o menor de meus irmãos, tu o farás a Mim.”
Ao dizer “eu”, a pessoa se separa de tudo aquilo que percebe como não-eu, como tu, e, ao dar este passo, torna-se prisioneira da polaridade. O ego do ser humano [como um filtro] torna-lhe impossível perceber ou sequer imaginar uma unidade ou totalidade de qualquer tipo.
A sombra torna o homem desonesto. Ele sempre acredita ser aquilo com que se identifica, que é tal como ele se vê. Essa forma de autoavaliação corresponde ao que chamamos de desonestidade. Todas as ilusões deste mundo são relativamente inocentes se comparadas àquela que infligimos a nós mesmos durante toda a nossa vida. Sermos honestos acerca de nós mesmos é um dos maiores desafios que temos de enfrentar.
É por isso que o autoconhecimento tem sido considerado a missão mais difícil e importante por todos os que estão em busca da Verdade. Conhecer a Si Mesmo não significa descobrir o “eu” e, sim, descobrir o Ser, visto que Este é oniabrangente, enquanto o eu divide e defini constantemente a totalidade, impedindo-nos de conhecer o Todo que compõe o Ser.
Por outro lado, àqueles de nós que estiverem preparados para lutar, no sentido de serem honestos consigo mesmos, a doença [e todos os conflitos, problemas e dificuldades existenciais] pode tornar-se um maravilhoso auxílio ao longo do caminho, pois a doença nos torna pessoas honestas! Nos sintomas da doença vivemos de maneira clara e visível aquilo que sempre banimos da psique e que queremos ocultar.
O homem está doente porque lhe falta a Unidade. O homem sadio, ao qual não falta nada, só existe nos livros de medicina. [(“A vida [a existência neste plano inferior, eu diria] é uma doença sexualmente transmissível “- R.D.Laing)]
O homem vive do seu ego, que sempre está faminto de poder. O eu cada vez infla mais e sabe muito bem como nos pressionar a servi-lo, apresentando-se sempre com novos e mais nobres disfarces.O eu tem de respeitar seus limites e por isso teme a entrega, o Amor ou tudo o que leve à unificação. O eu toma as decisões e concretiza um polo em detrimento do outro, que é relegado à sombra, ao exterior, ao tu, ao meio ambiente. A doença compensa cada passo que damos no interesse da hubris do nosso ego com um passo equivalente rumo à submissão e ao desamparo. [Portanto, a doença é um “efeito” e não uma causa, de modo que nenhuma tentativa de “viver de forma saudável” poderá nos tornar invulneráveis às doenças].
A doença faz parte da saúde assim como a morte faz parte da vida. Essas palavras nos causam desagrado, mas têm a vantagem de poderem ser comprovadas por qualquer pessoa, bastando para isso uma observação imparcial dos fatos.
Não pretendemos impor nossos pontos de vista aos leitores, mas, simplesmente, ajudar àqueles que estão prontos a ser tornar mais conscientes, acrescentando à sua visão costumeira um novo modo de olhar. A destruição das ilusões nunca é fácil ou agradável; no entanto, ela sempre resulta em nova liberdade de movimentos.
De fato, a vida é um caminho repleto de constantes desilusões; uma ilusão depois da outra nos vão sendo tiradas até podermos suportar a Verdade.
Assim, aqueles de nós que estão preparados para suportar a compreensão de que a doença, a morbidez e a morte são companhias essenciais e fiéis da vida, acabam por descobrir que essa constatação não concretiza desesperança, mas sim a revelação de que aquelas são amigas que nos ajudarão a encontrar nosso caminho mais verdadeiro e saudável.
Muito poucos dos nossos amigos, se é que temos algum, são tão honestos conosco ou estão tão dispostos a expor todos os movimentos de nossas manobras egóicas, ou são tão sinceros a ponto de nos fazer olhar para os nossos defeitos, ou seja, enxergar a nossa sombra. Mas a verdade é que, se qualquer um dos nossos amigos ousasse fazer isso, imediatamente nós o [re] classificaríamos como inimigo. O mesmo acontece com a doença [e em geral, com a Vida]. Ela é honesta demais conosco para que lhe dediquemos o nosso amor.
Nossa vaidade nos torna tão cegos e vulneráveis quanto aquele imperador cujos novos trajes foram tecidos com suas próprias ilusões. No entanto, nossos sintomas são incorruptíveis. [podemos silenciá-los, amordaçá-los, mas isto jamais poderá ser chamado de verdadeira cura].
É a doença que torna os homens passíveis de cura. A doença é o ponto de mutação em que um mal se deixa transformar em bem. Para que isso possa ocorrer, temos de baixar a guarda e, em vez de resistir, ouvir e ver o que a doença tem a nos dizer. Estabelecer um contato com nossos sintomas para captar a sua mensagem.
Precisamos estar dispostos a questionar nossas próprias suposições e os nossos pontos de vista acerca da nossa personalidade, e a ver cada um dos sintomas como um professor. Precisamos tornar o sintoma supérfluo [desnecessário], na medida em que permitimos que ele faça entrar na nossa consciência aquilo que nos falta.
A cura sempre está associada com uma ampliação de Consciência e a um amadurecimento pessoal. Se o sintoma apareceu no corpo, porque parte da sombra aí se precipitou, a cura é a inversão desse processo, na medida em que torna consciente o princípio por trás do sintoma, e assim ele simplesmente desaparece do corpo físico.
A ferramenta essencial para unir os opostos chama-se Amor. O princípio do Amor implica receptividade e abertura para permitir e aceitar tudo aquilo que até então era exterior. O Amor Verdadeiro busca a unificação; o Amor quer fundir-se e não isolar-se. O Amor é a chave para a união dos opostos, visto que ele transforma o tu em eu, e o eu em tu. O Amor é uma aceitação que não tem limites nem imposições; é incondicional. O Amor quer tornar-se uno com o universo inteiro e, enquanto não conseguirmos isso, não teremos concretizado o Amor. Enquanto o amor for seletivo, não será verdadeiro, pois o Amor não separa. O que separa é a escolha. O Amor Verdadeiro não escolhe, não conhece ciúme, pois não quer possuir nada: Ele quer irradiar-Se.
Assim como o Sol irradia seu calor e luz para todos e não segundo o merecimento de cada um, o Amor não conhece fronteiras, nem obstáculos. O Amor transmuta. Amem o mau – e ele será redimido. [Amem o feio - e ele se tornará Belo].
(*) Extraído do capítulo 4, 1ª parte, da obra "A Doença como Caminho", Editora Cultrix, por Admilson Yamashita.
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