domingo, 30 de dezembro de 2012

Amor, alegria e paz: um estado além da mente



Amor, alegria e paz: um estado além da mente
Walter S. Barbosa
            O espírito – Deus em nós – é a fonte de toda consciência. Tudo que vive (e a vida está presente em tudo) cresce na direção dessa consciência, tendo por objetivo chegar à plenitude que ela representa. Seu significado pode ser resumido na célebre frase da Escada de Ouro: “Há uma paz que ultrapassa o entendimento”. De fato só mesmo a Deus se pode atribuir essa paz, porque está além de toda expectativa humana.
            Agarrando-se sempre a coisas concretas - por falta de vida interior, pela pequenez do coração - as pessoas limitam sua plenitude exatamente àquilo que agarram: o carro, a esposa, os filhos, o emprego. Tudo isso, porém, um dia desaparece, tornando pó nossa sensação de plenitude. Até mesmo os ideais que alimentamos, quando baseados em algum tipo de aquisição em torno do ego, seguem esse mesmo destino.
            A plenitude de fato só existe fora dos domínios do tempo, só pode significar o que é permanente. Contudo, o que é permanente? Temos real noção disso, mergulhados que vivemos nos altos e baixos da alegria e da tristeza, movidas a sensações?
            Trazendo para perto de nós o sentido da plenitude que nos espera, Eckhart Tolle[1] a sintetiza em três palavras: amor, alegria e paz. “Nenhuma novidade” – podemos pensar, acreditando que em algum momento já desfrutamos isso. Pode ser que sim. Mas apenas como lampejos, coisa de instantes, pois esses dons supremos fazem parte de nossa natureza espiritual.
            “Amor, alegria e paz são estados profundos do Ser, ou melhor, três aspectos do estado de ligação interior com o Ser”, diz Tolle. “Assim, não possuem opositores pela simples razão de que surgem por trás da mente. As emoções, por outro lado, sendo uma parte da mente dualística, estão sujeitas à lei dos opostos. Isso quer dizer, simplesmente, que não se pode ter o bom sem que haja o mau”.
            A dualidade é algo inerente à vida neste mundo físico. O amor que desfrutamos, sempre baseado em trocas, está sujeito a terminar com a morte do ser amado ou pelo abandono (além de alternar-se com a raiva enquanto existir). A alegria cede rapidamente lugar à tristeza quando o objeto do prazer se extingue, seja porque virou rotina, seja pela descoberta de um novo brinquedo. A paz só nos acompanha enquanto a guerra adormecida dentro de nós não encontra bons motivos para eclodir. E eles estão acontecendo a cada instante.
            A mente é a fonte dos opostos. Nossos amores e alegrias são manifestações mentais, baseadas em emoções. Não têm existência real. Segundo Tolle, “O amor verdadeiro não permite que você sofra. Como poderia? Não se transforma em ódio de repente, assim como a verdadeira alegria não se transforma em sofrimento”.
            O amor, a alegria e a paz que buscamos só podem ser atingidos nos estados além da mente. Essa é a proposta da iluminação, o caminho do Yoga, apesar de tais sensações poderem ocorrer quando nossos corações – fazendo parar o tempo, enganando a mente – vibram na mais pura entrega ao ser amado, levando-nos acreditar, por alguns instantes, que vamos “amar para sempre”. 


[1] O Poder do Agora, editora Sextante.

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