quinta-feira, 26 de abril de 2012

Orgulho, vontade pessoal e medo: obstáculos à autoexpressão (I)


Walter S. Barbosa[1]
“Autoexpressão” é um termo utilizado por Pierrakos[2], no sentido da livre manifestação dos aspectos que governam os relacionamentos, estimulando a consciência. Dessa forma externamos o que sentimos ou pensamos, sem a influência das máscaras que encobrem o ego, a fim de protegê-lo, mantendo as vantagens que eventualmente desfruta.
           
Autoexpressar-se é realizar com plenitude os potenciais adormecidos em nosso interior. O que é esse adormecimento? Em relação à capacidade de expressão total do Ser, é simplesmente a percepção (ou consciência) ainda não realizada por falta de bagagem vibratória. Isso pode estar ocorrendo tanto em razão de inexperiência (tendo-se um corpo mental pouco desenvolvido, por exemplo), como por bloqueios gerados no passado.

Em relação ao passado o obstáculo pode ser cármico, ou talvez uma porta temporariamente fechada a fim de que outros caminhos sejam explorados. As possibilidades do presente são sempre infinitas. Os bloqueios nunca estão fora, mas sim dentro de nós. A conquista evolutiva é um trabalho realizado milímetro a milímetro.

Também no passado se originam os três defeitos essenciais – orgulho, vontade pessoal e medo – mencionados por Pierrakos como fonte de todos os conflitos humanos. A mesma tríade bloqueia o acesso às três vias de expansão pessoal: o inconsciente, os relacionamentos e a experiência voluntária da morte, pela auto-entrega.

No inconsciente se situa tanto a luz que ainda não chegou, como a luz que virou treva quando fechamos os olhos a ela, no decorrer de uma experiência, evitando a realidade dolorosa (transitoriamente, ela sempre é). O orgulho bloqueia o caminho para o inconsciente “porque vocês receiam não gostar do que encontrarão se se aventurarem no interior desconhecido. Isso pode não ser lisonjeiro nem compatível com a auto-imagem idealizada, criando um bloqueio de orgulho que prejudica a visão interior”, diz Pierrakos.

Quando à vontade pessoal, ela “separa o consciente do inconsciente, porque vocês receiam que aquilo que encontrarem poderá forçá-los a fazer alguma coisa que o pequeno ego não quer fazer, ou renunciar a algo que ele não deseja perder. A vontade pessoal quer que o pequeno ego fique no controle, para vocês poderem agarrar-se ao conhecido”.

Finalmente, “o medo bloqueia o caminho quando o orgulho e a vontade pessoal indicam falta de confiança; nesse caso, o medo faz acreditar que a realidade final não merece confiança. A realidade cósmica impregna o mais profundo do inconsciente, como uma corrente de eventos cósmicos”.

Essa corrente nos impulsiona – inclusive pela mão da sincronicidade – na direção do Ser. “Se vocês entrarem nessa corrente” – diz Pierrakos – “ela só poderá ser benigna, trazendo felicidade, satisfação, dando sentido à vida. Desconfiar da corrente e, portanto, apegar-se ao conhecido na crença de que poderão se sair melhor do que correndo o risco de entrar no desconhecido, cria barreiras de medo. É esse medo que bloqueia o pleno autoconhecimento”. Quando nos agarramos ao finito renunciamos ao infinito.

Como se manifestam o orgulho, a vontade pessoal e o medo quanto aos relacionamentos? Que prejuízos nos trazem essas barreiras?


[1] Membro da Sociedade Teosófica e da Universidade Livre para a Consciência.
[2] PIERRAKOS, Eva & SALLY, Judith. “Criando União”, editora Cultrix.

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