Walter S. Barbosa[1]
“Autoexpressão”
é um termo utilizado por Pierrakos[2],
no sentido da livre manifestação dos aspectos que governam os relacionamentos,
estimulando a consciência. Dessa forma externamos o que sentimos ou pensamos,
sem a influência das máscaras que encobrem o ego, a fim de protegê-lo, mantendo
as vantagens que eventualmente desfruta.
Autoexpressar-se é realizar com
plenitude os potenciais adormecidos em nosso interior. O que é esse adormecimento?
Em relação à capacidade de expressão total do Ser, é simplesmente a percepção (ou
consciência) ainda não realizada por falta de bagagem vibratória. Isso pode
estar ocorrendo tanto em razão de inexperiência (tendo-se um corpo mental pouco
desenvolvido, por exemplo), como por bloqueios gerados no passado.
Em relação ao passado o obstáculo
pode ser cármico, ou talvez uma porta temporariamente fechada a fim de que outros
caminhos sejam explorados. As possibilidades do presente são sempre infinitas.
Os bloqueios nunca estão fora, mas sim dentro de nós. A conquista evolutiva é
um trabalho realizado milímetro a milímetro.
Também no passado se originam os
três defeitos essenciais – orgulho, vontade pessoal e medo – mencionados por Pierrakos
como fonte de todos os conflitos humanos. A mesma tríade bloqueia o acesso às três
vias de expansão pessoal: o inconsciente, os relacionamentos e a experiência
voluntária da morte, pela auto-entrega.
No inconsciente se situa tanto a luz
que ainda não chegou, como a luz que virou treva quando fechamos os olhos a
ela, no decorrer de uma experiência, evitando a realidade dolorosa (transitoriamente, ela sempre é). O
orgulho bloqueia o caminho para o inconsciente “porque vocês receiam não gostar
do que encontrarão se se aventurarem no interior desconhecido. Isso pode não
ser lisonjeiro nem compatível com a auto-imagem idealizada, criando um bloqueio
de orgulho que prejudica a visão interior”, diz Pierrakos.
Quando à vontade pessoal, ela “separa
o consciente do inconsciente, porque vocês receiam que aquilo que encontrarem
poderá forçá-los a fazer alguma coisa que o pequeno ego não quer fazer, ou
renunciar a algo que ele não deseja perder. A vontade pessoal quer que o
pequeno ego fique no controle, para vocês poderem agarrar-se ao conhecido”.
Finalmente, “o medo bloqueia o
caminho quando o orgulho e a vontade pessoal indicam falta de confiança; nesse
caso, o medo faz acreditar que a realidade final não merece confiança. A
realidade cósmica impregna o mais profundo do inconsciente, como uma corrente
de eventos cósmicos”.
Essa corrente nos impulsiona –
inclusive pela mão da sincronicidade – na direção do Ser. “Se vocês entrarem
nessa corrente” – diz Pierrakos – “ela só poderá ser benigna, trazendo
felicidade, satisfação, dando sentido à vida. Desconfiar da corrente e,
portanto, apegar-se ao conhecido na crença de que poderão se sair melhor do que
correndo o risco de entrar no desconhecido, cria barreiras de medo. É esse medo
que bloqueia o pleno autoconhecimento”. Quando nos agarramos ao finito
renunciamos ao infinito.
Como se manifestam o orgulho, a vontade
pessoal e o medo quanto aos relacionamentos? Que prejuízos nos trazem essas
barreiras?
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