Walter S. Barbosa[1]
Diante de qualquer problema que estejamos
enfrentando na vida, devemos saber antes de tudo que “nós somos o problema”.
Isso é muito decepcionante, não é?
Outra forma de dizer a mesma coisa é que é
impossível a existência de um problema sem a nossa colaboração. O motivo é
simples: dependendo da forma como nossa mente vê a circunstância, ela pode
significar o problema que nos angustia ou algo completamente trivial. A opção
de sofrer é nossa.
Essa verdade lembra a declaração de um Mestre de
Sabedoria, dizendo que no mundo astral – onde não há dor física para o
desencarnado porque seu corpo de carne voltou para natureza, sendo entregue ao
reino mineral – a pessoa pode parar de sofrer a qualquer momento, desde que
perceba a fantasia do seu sofrimento. Contudo, é no astral que se encontra o
“inferno” ou o purgatório de que fala o cristianismo, ou ainda o “umbral”
segundo a doutrina espírita. Seria todo aquele horror verdadeiro ou falso?
Quem foi ver o filme “Nosso Lar” teve a
oportunidade de conhecer a versão do “umbral”. A situação da pessoa mergulhada
em uma substância viscosa, sofrendo frio, sede e fome de maneira insaciável, se
altera logo que seu pensamento se eleva, alterando suas vibrações. Contudo,
mesmo depois que tenha mudado para melhor, se a vibração do indivíduo baixa
outra vez com pensamentos de ódio ou luxúria, ele pode voltar para o inferno
que deixou.
Assim, por trás da irrealidade do sofrimento mental
há uma coisa bem real, determinando nosso estado: o tipo de pensamento ou
sentimento que alimentamos. Essas coisas são materiais, bem palpáveis em seus
respectivos mundos.
Uma alma desencarnada pode perceber a cor, o som, o
cheiro e até o sabor de um pensamento, coisa impossível no plano físico. Em
virtude dessa percepção mais sutil, fica claro que um pensamento de ódio tem
uma força terrível no plano astral, emitindo raios em todas as direções. Um
remorso pode ser uma dor imensa. Mas essa dor tem conexão com a vibração que
ela representa, e pode cessar quando o pensamento muda.
Segundo Tolle, “todos os problemas são ilusões da
mente” (O Poder do Agora). Diante disso, um discípulo diz: “É como se um grande
peso tivesse sido tirado dos meus ombros. Sinto-me leve... Mas os problemas
ainda estão lá, me esperando, não é? Ainda não foram resolvidos. Será que não
os estou evitando apenas temporariamente?”
Mas Tolle responde: “Não se trata, basicamente, de
solucionar seus problemas. Trata-se de perceber que não existem problemas.
Apenas situações com que temos de lidar agora ou deixar de lado e aceitar como
uma parte do “ser” neste momento, até que se transformem ou possam ser
negociadas. Os problemas são criados pela mente e precisam de tempo para
sobreviver”.
No plano astral, para onde vamos logo que deixamos
este mundo, a presença do tempo ainda é uma realidade, e por isso somos
afetados por ele. O que ocorre, porém, com a prática da meditação, se
insistimos para além das primeiras dificuldades? O pensamento pára, a mente
silencia. Entramos em contato com uma realidade além do tempo: a espiritual,
conectada ao eterno agora. Aí se pode perceber, na prática, a fantasia de todo
problema. É uma questão de experimentar.
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