Walter S. Barbosa[1]
Segundo conhecida frase, “o corpo
é o templo do espírito”. Entre todos os produtos da chamada sabedoria popular,
esse está entre os mais sábios. Se levarmos a questão a sério, pode ser o
começo da mudança tão desejada em nossa vida.
Também chamado Self , Ser,
Consciência ou Deus, o Espírito – que tudo move – é o dono do corpo. Contudo, olhando
as barbaridades que temos feito com o corpo, entupindo-o de venenos físicos,
emocionais e mentais, constatamos que ele tem estado mais a serviço de nossa
natureza instintiva, indo pouco além da reprodução e do alimento, ainda assim
com pouquíssima sabedoria. As doenças são o resultado inevitável.
Nesse quadro, o que resta ao Espírito?
Andar como um bêbado, talvez, pelos caminhos da vida, sendo essa impotência –
que de alguma forma todos sentimos – uma das causas de darmos pouco ou nenhum
crédito às palavras de Paulo, dizendo que o Cristo habita dentro de nós. Como
assim, pode-se perguntar, se tudo que conseguimos ver é “Barrabás” em todos os
cantos dessa habitação torturada, que é o nosso corpo?
Esotericamente, a passagem bíblica
onde o Cristo expulsa os “vendilhões do templo” encontra seu maior significado
nesta reflexão, apesar de aplicar-se aos que, em todas as épocas, têm
mercantilizado os símbolos da fé. Numa visão mais profunda, os “mercadores” que
deveríamos expulsar são o lixo que temos colocado indevidamente em nosso corpo,
sob patrocínio do ego e o estímulo desenfreado do desejo.
Ninguém pode viver, fisicamente,
sem o desejo. Ele está na base do movimento (“rajas”, em sânscrito). É o
impulso da reprodução, a mola mestra do mundo. Essa mola deve, porém, ser
compreendida e governada, caso contrário o mundo – o próprio corpo, com suas
leis de sobrevivência – passa a ser a única coisa enxergada por nós, como
ocorre, anuviando a realidade do Espírito a quem ele deveria servir.
Uma das técnicas para o alcance
dessa compreensão é a observação do corpo, das emoções, dos pensamentos. Assim,
vamos perceber que somos algo muito maior que esses veículos, possibilitando à Consciência
dominá-los e livrá-los de sua insanidade. Essa é a cura da qual todos
necessitamos. A cura definitiva.
O reflexo final de toda distorção
– o alimento ruim que ingerimos, inclusive mental ou emocional, como filmes de
violência – é sempre no corpo denso. Esse é um dos efeitos da lei da gravidade, escoando a energia pesada
para baixo até a final eliminação física.
Outra conseqüência dessa lei, após
a morte do corpo, é descermos para o “inferno” situado abaixo de nossos pés (o
umbral espírita), se nosso “peso” assim determinar. Não o inferno eterno
cristão, mas um estado de consciência, assim como é também o céu.
Tudo que pensamos e sentimos é
baseado em energia. Energia
é matéria, portanto tem peso, equivalente à sua qualidade ou grau de pureza.
Qual o resultado da energia impura, como comida pesada (feijoada, etc.), ódio,
inveja, ciúme, maledicência? É algum tipo de restrição física, percebido como
dor, calafrios, ansiedade, medo, falta de clareza mental e assim por diante. Difícil
escapar disso em nosso dia-a-dia, não é?
Um efeito extraordinário é que a
simples observação desses estados, sem julgamento – com o olho da atenção, da
consciência – basta para que o mal-estar diminua ou desapareça, levando junto sua
causa (rancor, por exemplo). Com isso, estaremos também limpando o templo do Espírito
e deixando-o ao alcance da serena alegria e da Paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário