Walter S. Barbosa[1]
Se você respondeu “sim” à questão acima, então esse
pode ser um de seus grandes defeitos. Nada que cai no exagero é bom, nem quando
se trata de virtude. Tal lição, enfatizando o equilíbrio, constitui um dos
ensinamentos centrais do Budismo.
Ser um grande trabalhador pode significar muita consideração
e respeito. Também crescimento, alavancando as finanças, o sucesso naquilo em
que você trabalha. Isso pode ter origem numa ambição de grande porte. Grandes
egos obviamente têm grandes ambições, requerem muitas conquistas para colocar
ao lado de sua autoimagem. E depois necessitam de uma moldura bem grande para o
“quadro” que irá conter tudo isso.
Em notícia recente, ficamos sabendo que determinada
pessoa havia mandado construir uma mansão com 14 suítes em Hollywood. Uma
notícia comum, de certa forma, repetindo comportamento de outros tantos
brasileiros “bem sucedidos”. Mas fiquei pensando: para que ela deseja 14
suítes?
Grandes egos são assim (e pode haver um latente em
todos nós): a partir de certo momento, eventualmente não cabem mais no país
nativo. E quando constroem casas colocam muitos quartos, salas, porque, afinal
- sendo grandes - necessitam de espaço proporcional. Possivelmente nunca venham
a ocupá-lo fisicamente, mas é o que menos importa. O ego ocupa o resto e pode até
querer mais, de preferência colocando ali muito ouro, brilho, pois este deve ser
tão ofuscante quanto possível.
A atividade excessiva também pode vir da compulsão,
até por disfunção hormonal nunca suspeitada. Simplesmente, não se consegue
parar e, aí, além de vício é doença. Qual seria, porém, a origem da doença?
Na obra “A Doença como Caminho”, Thorwald
sugere que a doença está indicando algo distorcido em nosso comportamento, sob
motivação do desejo, das ambições. E aí, alterado o comportamento, a doença
também desaparece. Ou seja, não somos doentes por causa do organismo
desequilibrado, mas sim por causa da doença na mente, por mais sãos que
pareçamos. O corpo é apenas o reflexo.
O problema também pode ter raiz psicológica, ocultando
por meio da atividade um grande vazio interior. Assim, evita-se qualquer autocobrança
mais profunda, aparentemente dando um “cala-boca” à consciência.
A consciência, porém, não se deixa enganar
facilmente. E, no máximo, só por algum tempo, pois é a voz de nosso “Deus
Pessoal”, que nunca dorme, jamais se cansa e não tira férias em tempo algum,
tendo a seu favor a própria eternidade.
Volta e meia comparece outra vez em nossa tela mental, perguntando: “E aí,
quanto àquele assunto?”
Caindo no oposto da preguiça, a atividade excessiva
é um vício. Por que? Pelo fato de estar fora de nosso controle. Tudo que não
conseguimos parar, às vezes mesmo nos “esforçando”, é um vício. Além disso, é
uma condição essencial da matéria, não do espírito. Este “nunca faz nada” como
ensina o Bhagavad-Gita.
Então, pode-se perguntar: o espírito é um eterno
desocupado? Não, ele é o próprio Deus Interno, a consciência original, a causa
de tudo. Seu trabalho neste mundo é “conhecer e dominar a matéria”, sua
ferramenta para o autoconhecimento. Quando ele domina a matéria, nada mais nos
domina: seja a raiva, a preguiça, o trabalho excessivo, a inveja ou o orgulho,
sendo este, por sinal, o problema maior dos “grandes egos”.
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