Dilma
Caetano[1]
Alguns autores têm falado sobre um
fenômeno social que vem ocorrendo nas últimas décadas denominado "geração
canguru". Você ouviu algo sobre isto? Seus filhos, com mais de 25 anos, ainda
moram em sua casa? Caso ainda vivam com você, saiba que as pesquisas mostram
que 30% dos jovens na atualidade, com idade entre 25 e 37 anos, se mantêm na
casa dos pais. Há uma adolescência estendida?
Na minha geração (década de 60) se
casava muito cedo, aos 16, 18 ou 20 anos. Eu mesma me casei com 16 anos e meu
irmão com menos de 23 anos, porém observo que meus filhos (década de 80) não
estão se ocupando com o casamento e sim com a profissão e estruturação
financeira. O que faz com que os jovens de hoje continuem morando com os pais?
Voltemos nosso olhar algumas décadas atrás.
Você se lembra de se preocupar com seu
peso, com a marca da sua roupa e calçados, se estava envelhecendo? Creio que
sua resposta, assim como a minha é “não”. Não havia esse tipo de “pré-ocupação”.
Viver naqueles tempos era muito mais
simples, pois seguíamos nossos dias naturalmente, sem essas "criações
culturais" da atualidade, propagadas ostensivamente pela mídia, levando os
jovens (só os jovens?) a se “pre-ocuparem” exacerbadamente com a forma do corpo
(justamente com a parte perecível?), com o ter em detrimento do ser (consumir
compulsivamente), com a crença de é preciso vencer profissionalmente para ser
alguém (já não somos?).
Ainda, é preciso ser magro e se manter
sempre jovem (a que preço?), ir às baladas (que são muitas), que geram mais
necessidades (roupas, de preferência de marca famosa e muita bebida), entre
outras invenções da atualidade. Tudo isso ocupando as mentes dos jovens em
detrimento dos deveres enquanto cidadãos do mundo, tendo como premissa o dar e
o receber na mesma proporção.
Mas o que isso tem a ver com a geração
canguru? Bem, "manter-se em dia" suprindo essas necessidades criadas
nas últimas décadas exige maior estrutura financeira, não é mesmo? Com todas
estas "necessidades", o jovem precisa de um alto salário (o que leva
tempo e determinação) para manter-se financeiramente fora da estrutura
oferecida pelos pais. Isso me leva a pensar que essa geração canguru (anos 80 e
seguintes), vem recebendo da minha geração (anos 60/70) a informação equivocada
de que podemos receber sem necessariamente dar na mesma proporção; que é "legal"
manter-se à custa dos pais, em detrimento das responsabilidades que
caracterizam o adulto.
Claro que estou generalizando, pois
sabemos que existem situações diferenciadas, ou seja, "cada qual com seu
cada um e vice e versa". Outro dia, em uma sessão psicoterapêutica de
casal, o marido queixou-se, falando à sua mulher: "Não acho certo você
incentivar nossa filhinha (30 anos) a ter sua própria casa. Ela deve sair
quando e se ela quiser". Será mesmo assim?
Precisamos, como pais e educadores
(educar = tirar de dentro), auxiliar nossos filhos a ocuparem o lugar que lhes é
devido, que implica responsabilidade perante o próprio crescimento. Tenho
auxiliado meus filhos a ocuparem o lugar que lhes é devido nesta vida?
Um comentário:
Muito bom o seu ponto de vista sobre o assunto! Parabéns.
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