Walter S. Barbosa[1]
Quantas pessoas neste mundo estão preocupadas com a
erradicação da miséria, indo às causas reais, para que o resultado desse esforço
seja permanente? De mesmo título acima é a obra do teósofo Ulisses Riedel[2], em cujas reflexões
oferece caminhos para que se vá da indispensável assistência emergencial ao bem
maior: a “autossustentabilidade de todos os cidadãos brasileiros”.
A busca da causa de qualquer fenômeno é, em si, uma
de nossas maiores dificuldades, subjugados pela sobrevivência do corpo, fazendo
disso o objetivo da vida. Diariamente tiramos o automóvel-corpo da cama, lustramos,
abastecemos e saímos dirigindo sem saber nosso destino verdadeiro, nem porque
estamos aqui.
Quantas de nossas necessidades são reais? Quantas
são inspiradas pela máquina de produção do capitalismo que, se de um lado sustenta
a geração de bens necessários à vida física, de outro aprofunda a miséria e o
consumismo ao colocar necessidades imaginárias na cabeça das pessoas - sob o domínio
da cobiça, da inveja e do lucro - contribuindo, ademais, para apressar o esgotamento
das riquezas naturais do planeta?
“Numa análise mais profunda, pode-se identificar
que esses males sociais têm uma causa comum: ausência, na humanidade, de
qualidades fundamentais que balizam as relações humanas para o bom convívio”
diz Riedel.
Que ausências são essas? De vontade, de sabedoria e
de amor - aponta aquele estudioso - acrescentando: “A ausência de vontade
resulta na descrença, na falta de energia, ocasionando a inércia, a omissão, o
imobilismo e a falta de atuação”. A ausência de sabedoria “resulta na
ignorância, na falta de percepção de que estamos todos interligados, de que
somos interdependentes e de que todos participamos de uma mesma vida. Daí a
ilusão de separatividade, o individualismo, o venha a nós, o egoísmo e a
ganância”. Por último a ausência de amor resulta “na insensibilidade humana”.
Como superar tais ausências? Naturalmente criando condições
para que os atributos em falta desenvolvam-se em escala social, com
metodologias adequadas, considerando antes que o social é fruto do individual,
que o coletivo é tão somente uma projeção daquilo que cada indivíduo traz
dentro de si. Nós somos o mundo.
Assim, propõe Riedel o despertar de tais qualidades
pelo “conhecimento pedagógico, técnico, científico e, principalmente, com
aprofundamento filosófico”. Para isso, “um dos instrumentos mais importantes é
a difusão, pela divulgação dos exemplos positivos - de atitudes e iniciativas
diplomáticas, amorosas, altruístas e solidárias - onde a televisão e os demais
veículos de comunicação assumem papel relevante”.
A autocensura, em lugar da censura, é o
encaminhamento proposto para tais mudanças. “As empresas de comunicação se
inserem no contexto de responsabilidade social. Devem ter a percepção de que
existem muitos fatos positivos que merecem ser divulgados, ao invés do
sensacionalismo e da desgraça”.
Nos relacionamentos, o que colocamos para fora é resultado
do que se processa dentro, conforme nossas memórias e os alimentos que
ingerimos fisicamente, ou por meio das emoções e do pensamento. Assim, “é
preciso investir na comunicação de massa com a divulgação de atuações de
amorosidade, de solidariedade, de ética, de estética, de fraternidade
universal, sobretudo de valores humanos altruístas”, enfatiza Riedel.
Nossa colaboração pessoal, além das práticas
altruístas, é não apoiar aquilo que explora o contrário, é não dar força ao ibope
da desgraça e da miséria. Se valorizamos o bem e a alegria, por que incentivar a
propagação da violência e do desamor?
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