quinta-feira, 26 de abril de 2012

“Ame e faça o que quiser”



Adilson Yamashita Lopes[1]
Quando Santo Agostinho escreveu esta maravilhosa frase, a palavra Amor não havia sido ainda profanada, e destituída de sua sublime beleza e significado.

Nestes séculos que nos separam, não só a palavra Amor, mas tudo que é sagrado foi corrompido, banalizado e vulgarizado em nossa sociedade “moderna”, desumana e consumista, onde tudo é descartável, inclusive as pessoas.

Num certo sentido, nós involuímos. Acontece hoje uma degenerescência generalizada. É parte do Plano, do processo pelo qual precisávamos “passar”. A corrupção alcança hoje, níveis epidêmicos (não só no Brasil). Tudo está desmoronando. A moral, os costumes. O interessante é que nós não percebemos! Lentamente vamos nos deixando corromper.

Há 50 anos, quando eu era criança, muito raramente havia grades ou muros cercando as casas, e as portas das casas ficavam destrancadas, na maioria das vezes, em são Paulo onde morava – havia menos crimes e menos medo. – Porque será? Parece que havia menos bandidos! Havia bem menos cadeias também, e elas não estavam tão superlotadas!

Estamos sendo testados muito mais profundamente hoje do que no passado. Havia um respeito em relação às pessoas mais velhas, que os jovens de hoje não tem nem como imaginar. Havia um atitude muito mais respeitosa para com todos. Uma professora desfrutava de um respeito quase “divino”.

Imagino então, o “peso” que esta palavra (Amor) tinha, há muitos séculos.
Certamente, a palavra amor, para Santo Agostinho, não tinha este significado vulgar e banal, como hoje a empregamos. Se na época de Santo Agostinho, a palavra amor fosse utilizada tão impropriamente quanto hoje, quando dizemos, por exemplo, “fazer amor”, quando na verdade queremos dizer “fazer sexo”, certamente o Santo não teria escrito esta frase.

A Sacralidade do Amor é infinitamente superior e inadmissivelmente comparável à função instintiva do sexo. Não estou dizendo que o sexo não seja digno, mas apenas que não tem nada a ver com Amor. Qualquer besta animal faz sexo, mas só Almas sublimes são capazes de Amar verdadeiramente.

Este amor possessivo a que hoje nos referimos, de amor não tem absolutamente nada, certamente não tem nada a ver com o que Jesus, por exemplo, queria exprimir quando empregou a palavra Amor nos exortando: “Amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado”.

Então, quando citei esta frase de Santo Agostinho no texto publicado a pouco, por favor, entendam que é neste sentido sublime original, que a empreguei.

Aquele que puder Amar verdadeiramente no sentido sublime original, pode, também, fazer o que quiser. Sim, pois só uma Grande Alma é capaz de Amar Verdadeiramente e, uma Grande Alma “sabe” conduzir-se com Sabedoria e profundo respeito por tudo e por todos. Exatamente por conta disto é que pode fazer o que quiser.
Àquele que Ama verdadeiramente, neste amplo e sublime sentido original, os Portões dos Céus estarão sempre abertos, não importa o que ele faça! Pois não é o que fazemos que nos condena ou nos redime, mas a intenção por trás de nossos atos.

Namastê!


[1] Membro da Sociedade Teosófica no Brasil.

Um comentário:

Walter da Silva Barbosa disse...

Excelente e muito oportuno texto. As pessoas mais lúcidas neste momento que estamos vivendo têm o DEVER de mostrar os fatos por trás das aparências, que vão se acomodando no sentido da degradação. É como a história do sapo. Colocado na água quente ele pula fora, mas se colocado na água antes de ferver ele se acomoda e fica lá até morrer cozido. É incapaz de perceber a mudança.