Walter da Silva Barbosa*
O que é estar consciente de alguma coisa? Quando definimos algum fenômeno nos tornamos conscientes de seu significado? Quando julgamos uma pessoa atingimos a essência de seu ato, sendo capazes de conhecê-lo em sua natureza?
Definições são frutos do intelecto, do esforço que fazemos para alcançar o significado de alguma coisa, nos detendo, contudo, apenas na casca. Então, pelo menos conhecemos a casca? Nem mesmo esse lado externo é perfeitamente conhecido, pois se trata de um reflexo daquilo que está dentro. No caso da eletricidade, por exemplo, conhecemos (e aproveitamos) alguns de seus efeitos, mas não sua natureza real. Com respeito ao corpo humano – tocado pela bioeletricidade em seus músculos e nervos – quanto a ciência conhece a respeito dele? Em essência é um grande mistério, assim como a eletricidade, uma flor, um grão de arroz.
A mente cataloga – acumulando e comparando dados – mas não conhece, pois esta função encontra-se nos domínios da consciência. Que domínio é esse? Um estado de Ser. Cresce na medida em que seu poder onipenetrante invade a natureza dos objetos animados ou inanimados, ultrapassando a casca.
Diferentemente da ciência, que decompõe em pedaços aquilo que estuda, a consciência estabelece o conhecimento real porque vê o fenômeno em sua totalidade, incluindo a própria vida. Dessa forma também deveríamos olhar para as pessoas. Querer analisar seu comportamento pelo método da ciência – comparando, julgando – é a fonte de nossos conflitos interpessoais neste mundo.
Julgar é o mesmo que definir: a especialidade da mente. Esses processos se baseiam nas idéias que acumulamos sobre as coisas, projetando-as sobre aquilo com que entramos em contato. Quando julgamos uma pessoa enquadramos seu comportamento em algum paradigma de bem e mal. Numa condenação isso pode significar sua morte, mas é apenas uma ideia, nada tendo a ver com o condenado, que não é uma coisa. Tem a complexidade e profundidade do Ser. Porém, como agir em situações onde o julgamento parece necessário?
Ante a necessidade de estabelecer limites, a sociedade cria leis e penalidades. Para evitar decisões pessoais, implantam-se mecanismos como o corpo de jurados, socializando imperfeições no julgamento. Isso não muda, porém, a realidade de não se estar apreciando o fato, e sim a casca, com base naquilo que “pensamos” sobre ele. Por outro lado, em geral a penalidade imposta nada tem a ver com a falta – reparando-a segundo sua natureza – configurando apenas um castigo, mais propício a gerar revolta do que consciência. Assim, esse julgamento não traz mudança aos desregramentos sociais. Eles apenas se aprofundam.
Nas famílias – apesar do conhecimento mútuo que se supõe haver dentro delas – o dilema de julgar não parece menor. Um dos efeitos é a crescente ausência de limites para os filhos, por comodidade ou medo de reprimir. Na sociedade, na família ou no indivíduo (onde o mundo começa), não há mudança fora do trabalho da consciência. E esta só atua quando não há julgamento. Como fazer isso em nível social? Algo a ser estudado. Em nível pessoal, contudo, a busca da solução – assim como o problema – nos afeta diretamente.
Uma proposta nesse sentido está na frase que intitula este texto, surgida em situação real onde os atores praticaram um paradigma em educação digno da Nova Era , longe das cenas comuns de julgamento, violência, reatividade. Diante do adolescente irado, chutando tudo que lhe aparece no caminho, o pai simplesmente fixa seus olhos e pergunta: “Meu filho, de onde vem toda essa raiva?”. O conflito acabou ali. Nas palavras do adulto que um dia encarnou aquele jovem (atualmente com 32 anos), a lição foi para ele inesquecível.
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(*) Membro da Sociedade Teosófica no Brasil e da Universidade Livre para a Consciência.

A Uniconsportal é um centro de estudo e prática da Filosofia Perene - com suas origens nos Vedas, na Teosofia, no Budismo e outras tradições milenares, hoje confirmadas pela Física Quântica e áreas correlatas, como a Biologia Molecular e os Campos Morfogenéticos - enfatizando suas ações na ciência do yoga, nas diversas técnicas de meditação e ainda nas psicologias e terapias integrativas. São muito bem vindos todos os interessados nessa excitante jornada!
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