Walter da Silva Barbosa[1]
O
que caracteriza uma pessoa eficiente naquilo que faz? Numa visão ampla, é a
capacidade de realizar suas tarefas ou projetos com rapidez e perfeição.
Considerando
os meios utilizados, poderíamos acrescentar também à eficiência a capacidade de
atuar com o mínimo de desgaste para o planeta e para as pessoas, respeitando o
fluxo natural das energias que a vida coloca à nossa disposição. O resultado só
pode ser uma obra integrada aos planos de Deus para o homem, associando a ela atributos
como harmonia e beleza, que só podem fluir da mente onde tais atributos estejam
presentes. “Pelos frutos se conhece a árvore”.
É
bem conhecida a superioridade das criações – ou manifestações exteriores – de
uma pessoa tranqüila. Suas palavras inspiram sentimentos de justiça, equanimidade,
retidão. Quando ouve, seu próprio Ser se derrama sobre a fala do outro, como se
quisesse beber sua alma na embalagem das palavras, o que provavelmente
consegue, dando ao seu interlocutor a maravilhosa sensação de ser compreendido.
Naturalmente
uma pessoa tranqüila – não se confundindo esse estado com a lerdeza da
estagnação mental – poderá ser eficiente em tudo que fizer, pelo simples fato
de se colocar inteira em qualquer tarefa, seja varrendo o chão, cozinhando ou
escrevendo uma tese de doutorado. De onde vem essa tranqüilidade?
A
natureza essencial da mente é o movimento, a atividade. É bem conhecida a
dificuldade das pessoas quando tentam estabelecer controle sobre esse
movimento. A razão da dificuldade não se encontra, porém, no movimento em si, pois
ele representa vida, o elemento motor da própria consciência. O problema de
nossa insubordinação mental está nos companheiros quase inseparáveis do desejo:
o medo e o apego.
O
desejo naturalmente impulsiona a conquista do objeto desejado, vindo em seguida
o apego. O medo pode estar presente antes e depois da conquista, em função da
sempre provável impossibilidade de obtê-la ou não poder conservá-la. Por razões
diferentes, ambos – medo e apego – tendem a paralisar a mente, fazendo a
inércia (tamas, em sânscrito) preponderar
nela. Os efeitos disso são a contradição e a superficialidade no raciocínio, desvantagens
que o ego exacerbado às vezes tenta compensar. “A mente obtusa não vê os
opostos, mas a alerta, sim”, diz Mehta[2].
Considerando
que estamos sempre desejando algo, de que maneira pode surgir a condição da
mente tranqüila? De um estado de confiança que surge ao mesmo tempo do
interior, com base no controle do espírito (Deus Pessoal) sobre os atos de
nossa vida, e do exterior pela certeza quanto à impermanência de todas as conquistas.
Isso naturalmente extingue de uma vez o medo e o apego, inundando a mente da
qualidade da harmonia e equilíbrio (satvva,
sustentáculo da iluminação).
A
confiança interior – ou autoconfiança – é um estado natural de nossa alma, fazendo-se
acompanhar da harmonia e da beleza. Surgindo de práticas devocionais ou altruístas,
assim como da meditação, a autoconfiança se sobrepõe às ambições, dando-lhes ao
mesmo tempo uma direção mais elevada. Quando isso acontece, elas passam a depender
menos das circunstâncias externas, reduzindo o campo de ação do medo.
Tratando-se
de um estado natural, a autoconfiança – com a tranqüilidade mental que encerra –
já se encontra à nossa disposição, bastando que encontremos a chave para “des-envolvê-la”,
isto é, tirar o véu que a encobre. Como um dos portais nesse sentido, a
meditação utiliza técnicas de efeito imediato (respiração completa e observação
da respiração), trazendo eficiência e qualidade às nossas relações e atividades
de qualquer tipo.
Estando
a meditação ligada a práticas espiritualistas, de autoconhecimento, talvez seja
oportuno lembrar que a verdadeira espiritualidade não elimina nossas
possibilidades de crescimento no mundo. Ao contrário, contribui para tornar
esse crescimento mais digno, completo e civilizado.
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