Walter S Barbosa[1]
Por que nos relacionamos? Segundo
os sociólogos, vivemos juntos para facilitar a existência neste mundo, dividindo
esforços na produção de utilidades. Relacionamento é só isso? Bem mais. Na
prática, contudo, vivemos juntos mas “ilhados” em nós mesmos, de maneira competitiva
até no encontro mais íntimo de todos: entre o homem e a mulher.
Onde está a matriz da sociedade? Sem
dúvida, na família, com seus pilares “macho e fêmea”. Aí se estabelecem as
condições ideais – material, biológica, psíquica – para a vinda de uma nova consciência
a este mundo, o filho. Além da ligação cármica, ele traz as características genéticas
do pai e da mãe, assim como o Filho é encarnação de Deus, o todo poderoso
Pai-Mãe. Essa idéia encontra-se na base da “Santíssima Trindade” cristã, assim
como na egípcia (Osíris, Ísis e Hórus) e em outras mais.
Cumprindo os desígnios da
natureza sob a força dos hormônios, lado a lado o homem e a mulher vão desenvolver
a consciência do Andrógino Divino, latente nos dois.
Partilhando energias, anseios,
vibrações, a mulher trabalha em si o Poder do Amor (realização no coração), estimulando-o
no parceiro, enquanto o homem trabalha o Poder do Pensamento (realização no intelecto),
estimulando-o na mulher. Se conscientes disso, colaboram entre si – em lugar de
competir ou criticar – caminhando para a realização final no Eu, e não na
“relação”, nas posses ou na família (meros suportes para chegar ao Eu).
Quanto ao filho, obterá o
conhecimento inicial de sua própria identidade nos pilares macho-fêmea. O que
ocorrerá se esses pilares não estiverem lá, ou forem distorcidos?
A realização feminina no coração
desenvolve a sensibilidade, o conhecimento do outro. A realização do homem no
intelecto desenvolve a razão, o conhecimento das coisas. Desenvolver é palavra-chave,
significando tirar o envoltório que esconde algo, provavelmente existindo
muitos homens e mulheres já com essas qualidades no mundo. O objetivo final é sempre
o conhecimento do Eu, onde o desenvolvimento total do Ser leva ao supremo Poder
da Vontade, superando fraquezas e possibilitando-nos agir em todos os planos.
O Eu é Deus, a Consciência Pura, dividida
em espírito e matéria, base da relação macho-fêmea. Daí nosso anseio de
“completude”, buscando fora o que está dentro. Ao encarnar no sexo atual, a missão
é aprofundar a lição desse corpo. Negá-lo é como voltar ao útero materno e
ficar lá, dizendo “Não, não, não”. Como toda negação, um atraso consciencial.
Outra perda é agir no corpo inconscientemente, pela força do pensamento
(criadora para o bem ou para mal, conforme nossa escolha), gerando um problema
que pode se arrastar por séculos no “átomo permanente físico” (matriz do corpo na
encarnação futura).
Texto recente de Luís F. Veríssimo
fala da “superioridade da mulher”. Desde pequena ela brinca de boneca, pensa em
amor, relacionamentos. Já o garoto se diverte com games violentos, competição e
outras inclinações que embasam problemas no mundo. Cultura machista? Pode ser. Mas,
como é que no reino animal os machos ganham as fêmeas e seu próprio território?
Nossas tendências de “gênero” têm muito da herança animal. Como as fêmeas animais,
as humanas defendem suas crias até contra o próprio macho.
Exceto para os que estão buscando atalhos
evolutivos – por meio da meditação, do autoconhecimento – a humanidade ainda
tem muito chão pela frente. Estamos pouco além da metade desse caminho, segundo
Blavatsky[2] Quando superarmos as
tendências instintivas da relação macho-fêmea, realizando também a meta da raça
humana – que pode ser a Intuição, a Fraternidade Universal – o que acontecerá?
Jesus nos mostra isso, encarnando o Amor-Sabedoria –
união da inteligência com o amor – sob o comando do poder inflexível da vontade.
Um Homem-Deus.
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