terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Diante da morte, os cinco principais arrependimentos


Walter da Silva Barbosa[1]
Arrepender-se é não aceitar a realidade das experiências anteriores, com seus próprios conteúdos de consciência e inconsciência. Fizemos o que estava ao nosso alcance, mas julgamos hoje não ter aproveitado bem aquele momento, ignorando sua restrição e também o resultado mais importante de todos: o que aprendemos com ele.

O arrependimento varia conforme a sensação da experiência que consideramos perdida, incluindo o angustiante chamamento íntimo dos laços cármicos. É o que se destaca nos relatos dos pacientes terminais da enfermeira Bronnie Ware, por ela comentados adiante. Apesar da lição que nos trazem, no fundo é a inconsciência de hoje lamentando a de ontem, sob a idéia de que podíamos ter sido mais hábeis ou desfrutado mais, conclusão só possível, entretanto, na consciência de agora. Seguem os relatos.

1. “Eu gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim, e não a vida que os outros esperavam de mim”. Este foi o arrependimento mais comum. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase no fim e olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram realizados.

2. “Eu gostaria de não ter trabalhado tanto”. Isto veio de todos os pacientes do sexo masculino que eu acompanhei. Eles perderam o crescimento de seus filhos e o companheirismo do parceiro. As mulheres também citaram este arrependimento, mas como a maioria era de uma geração menos recente, muitos dos pacientes do sexo feminino não tinham sido chefes de família. Todos os homens que eu acompanhei se arrependeram de passar tanto tempo da sua vida com foco excessivo no trabalho.
           
3. “Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos”. Muitas pessoas resguardaram seus sentimentos para manter a paz com os outros. Como resultado, tiveram uma existência medíocre e nunca se tornaram quem eram realmente capazes de ser. Muitos desenvolveram doenças relacionadas à amargura e ao ressentimento que carregavam. Nós não podemos controlar as reações dos outros. No entanto, embora as pessoas possam reagir quando você muda a maneira de falar com honestidade, no final a relação fica mais elevada e saudável. Se não ficar, é um relacionamento que não vale a pena, por guardar sentimentos ruins.

4. “Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos”. Muitas vezes os pacientes terminais não percebiam os benefícios de ter por perto antigos e verdadeiros amigos até a semana de sua morte (...) É normal que as pessoas, em um estilo de vida agitado, deixem escapar amizades. Mas quando você se depara com a morte se aproximando, os detalhes caem por terra. (...) Ao final, tudo se resume ao amor e relacionamentos. Isso é tudo o que resta nos dias finais: amor.

5. “Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz”. (...) Muitos não perceberam, até o final de sua vida, que a felicidade é uma escolha. Eles haviam ficado presos a velhos padrões e hábitos. (...) O medo da mudança os fazia fingir aos outros e a si mesmos, enquanto lá no fundo ansiavam rir e ter as coisas alegres e boas da vida novamente – conclui Bronnie Ware.
           
Ao aproximar-se a morte evapora-se o futuro, mas aumenta o peso do passado. Em especial por afetos e “sonhos não realizados”, com sua própria carga de desilusão. Mas esquecemos essa última parte. Se tivéssemos consciência a seu respeito, sabendo que tudo é transitório, obviamente pararíamos de “sonhar” – ou sonharíamos menos – vivendo a realidade do agora (o único tempo de que efetivamente dispomos).


[1] Membro da Sociedade Teosófica e da Universidade Livre para a Consciência – UNICONS.

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