Se os braços de uma jovem – feitos
para amparar o amor, a maternidade, a beleza – embalam ao invés disso uma
metralhadora, que sentimento isso nos causa?
Nos dias de hoje, excetuando
culturas como a islâmica (inabalável ao longo do tempo pela força da religião),
há uma tendência crescente à equiparação de homens e mulheres em todos os
setores da vida social. Entre os fatores que contribuíram para isso, destacam-se
o maior acesso das mulheres ao mercado de trabalho e o grau de liberdade alcançado
por elas com o advento da “pílula”.
Relatos históricos mostram
momentos importantes nesse processo de equiparação, caracterizando-o não como
um “presente” da ala masculina às mulheres, mas como efeito do empenho e sacrifício
delas mesmas. A Revolução Francesa foi um desses momentos.
Desde o início da revolução, as
francesas participaram ativamente da vida política. Segundo as enciclopédias, “Em
1792, uma delegação encabeçada por Etta Palm foi até a Assembléia para exigir
que as mulheres tivessem acesso ao serviço público e às forças armadas. Essa
exigência não foi atendida. Robespierre proibiu que as mulheres se associassem
a clubes, e o projeto de igualdade política de ambos os sexos foi arquivado”.
À parte a indiscutível igualdade
de direitos entre cidadãos e cidadãs, se observarmos que as cidadãs diferem dos
cidadãos – não apenas na conformação invertida do sexo, mas também na estrutura
óssea, cerebral e anatômica, na musculatura, pele e organização hormonal, além
das inclinações da mente e do coração – o que somos levados a pensar?
Tais diferenças são colocadas em
relevo por Allan e Barbara Pease na seriíssima obra “Por que os homens fazem
sexo e as mulheres fazem amor?”, com indicações interessantes sobre o que cada
sexo pode fazer melhor. “As mulheres se destacam em áreas onde é preciso mais
criatividade do que raciocínio abstrato, como as artes, o ensino, os recursos
humanos e a literatura”, dizem. Várias outras áreas podem ser acrescentadas,
com ênfase na política e na sustentação das relações administrativas e sociais,
alimentação e saúde.
Segundo a teósofa Clara Codd, “A
Ciência Sagrada nos diz que o homem e a mulher juntos representam as forças
criativas gêmeas do Universo, positiva e negativa, centrífuga e centrípeta,
vida manifesta e vida oculta. No conjunto, o homem é positivo, expressa-se para
o exterior; a mulher é negativa, receptiva”.
No plano da natureza, o pólo
masculino – movido pela iniciativa e pela força – tem os atributos de fecundar
e prover. Já o feminino, tocado pela compreensão e beleza, tem os atributos de
gerar e manter. São poderes complementares. Se na família – como matriz do
mundo – um desses poderes falha, ela tende a se dissolver, a entrar em colapso.
Algo dentro dela deixa de funcionar na plenitude de sua capacidade realizadora.
“Os homens e as mulheres não são rivais, mas
cooperadores, sendo inteiramente diferentes na natureza e na aparência. Proibir
um sexo de empregar os seus poderes peculiares e o seu ponto de vista sobre a
vida da nação, é como fechar permanentemente um olho e querer enxergar tão bem
quanto com os dois abertos” diz Clara Codd.
Trabalhando fora ou não, a mulher
já não é mais apenas “do lar”. Nas asas da comunicação global, o mundo está
dentro de sua casa. Após séculos de auto-entrega silenciosa, hoje ela pode
trabalhar ativamente ao lado do homem na construção de uma sociedade mais
fraterna, consciente de sua responsabilidade planetária. Se, ao contrário,
focalizar-se no homem como algo a ser
imitado ou suplantado em seus próprios termos, talvez não vá além de fabricar um
sub-homem, o que seria, sem dúvida, algo indigno dela mesma.
Walter Barbosa, membro da SOCIEDADE TEOSÓFICA
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