O amor materno muitas vezes chega a
ser considerado divino, apesar de sabermos que um amor desta categoria não faz
distinções. O amor divino é incondicional. Ultrapassa as barreiras de sangue,
de raça, de sexo, de país. É algo a ser desenvolvido em todos os seres, quer
estejam na veste masculina ou na feminina, pelo aprendizado que os
relacionamentos oferecem.
Polarizado em suas crias, o instinto
materno é uma força essencial para a geração e preservação da vida física. A mulher
inclina-se nessa direção mesmo quando muito bela e admirada, sabendo que
durante algum tempo seu corpo perderá o apelo sensual, algo do encanto que
prende o macho, assumindo em contrapartida o apelo da vida.
A filosofia esotérica ensina que tudo
o que acontece na vida do homem é reflexo do plano divino. Assim, a relação
“pai, mãe e filho” que sustenta a vida de um ser humano não é diferente daquela
que sustenta o Universo, como filho da união do Espírito com a Matéria. A
Trindade Divina - bem clara na teogonia egípcia como “Osíris, Ísis e Hórus” (ou
Pai, Mãe e Filho) - está refletida na trindade da família humana.
Hodson, na obra “O Reino dos Deuses”,
relata os mecanismos que atuam desde o plano invisível - pelo trabalho de
Anjos, Devas e Espíritos da Natureza - para dar forma a todos os modelos
programados na Mente Divina. Um desses Anjos é a própria Mãe do Mundo.
Diz Hodson: “O Princípio cósmico
maternal está universalmente manifesto, e todos os seus atributos conservadores
e reprodutores estão ativos em toda a Natureza. Fisicamente se expressa tanto
como polaridade química negativa, quanto como feminilidade de todo o mundo
orgânico”, indicando que, desde a formação das substâncias químicas, a
dualidade “masculino-feminino” está dando suporte à vida.
“A Mãe do Mundo planetária é
concebida em certas escolas de filosofia oculta como uma altamente evoluída
Representante e Incorporação Angélica do Aspecto Feminino da Divindade. É
também concebida como um Oficial Adepto do Governo Oculto do Mundo, em quem
todas as mais elevadas qualidades de feminilidade e maternidade brilham em sua
mais completa perfeição”, diz ainda Hodson.
A evolução humana é regida por três
instrumentos de consciência: a dor, o conhecimento e o amor. No começo, a dor
naturalmente predomina. A criança só conhece a natureza do fogo depois que
colocou a mão nele. A dor leva ao conhecimento, este leva à compreensão e
finalmente ao amor. Assim acontece também com o próprio caminho do
conhecimento. No final, tudo converge para o amor, onde está a essência da
Sabedoria.
Como Sabedoria, o Amor nada tem a ver
com as preferências e apegos do amor humano. Amando pela essência, ele ama o “um”
no Todo e o Todo no “um”. Quanto a ele, nada pode ser subtraído ou acrescentado.
Ramakrishna, santo hindu do século 19,
cultuava a Mãe Divina dizendo “Ó Mãe! Concede-me que eu possa ter uma devoção
pura e simples. Aqui está o pecado, aqui está a virtude; eu os ponho a Teus pés.
Oh! Toma-os ambos. Aqui está o conhecimento, aqui também está a ignorância. Oh!
Toma-os ambos e concede-me que eu possa ter tão só devoção. Aqui está a pureza
e aqui também a impureza; não desejo nenhuma das duas. Aqui há boas obras, aqui
há obras más; todas coloco a Teus pés. Concede-me que eu só tenha devoção e
amor por Ti”.
No colo da mãe terrena - refúgio do mais
abnegado amor humano - as dores do filho são consoladas. No regaço da Mãe
Divina elas são extintas pela libertação que o Amor Universal propicia, como
via direta para Deus.